terça-feira, 3 de abril de 2012

O Raio Verde


O RAIO VERDE

" Já observaram algumas vezes o por do sol num horizonte marítimo? Sim, sem dúvida! Seguiram-no até o momento em que a parte superior do seu disco, aflorando à linha da água, está prestes a desaparecer? É muito provável. Mas repararam no fenômeno que se produz no momento exato em que o astro radioso lança o seu derradeiro raio, quando o céu, livre de brumas, é de perfeita limpidez? Não, talvez! Pois bem, a primeira vez que tiverem ocasião - raramente ela se apresenta - de fazer esta observação, não será, como se poderia acreditar, um raio vermelho que virá ferir a retina dos seus olhos. Será um raio verde, mas de um verde maravilhoso, que nenhum pintor pode obter de sua paleta, cujo matiz a natureza, nem na cor tão variada dos vegetais nem na tonalidade  dos mares mais límpidos, jamais reproduziu! Se há verde no paraíso, não pode se senão esse, que é, sem dúvida, o verdadeiro verde da esperança." ( O Raio Verde, de Júlio Verne)


A primeira vez que tomei conhecimento sobre o raio verde foi lendo um artigo de Seleções. Algumas pessoas que diziam ter presenciado este raro fenômeno meteorológico, diziam que sentiam-se tomadas por um profundo sentimento de alegria e clareza, semelhante à mais profunda experiência mística. Fui, então, pesquisar mais sobre o assunto. Encontrei, então, um livro de Júlio Verne, cujo título era o tema que procurava me informar. Já sabendo de antemão que os livros de Verne são sérios, afinal ele pesquisava em livros, periódicos e jornais científicos. O melhor de sua época, em termos de relatos informativos,ele tinha conhecimento.

" - Não te queres casar? - disse o irmão Sam.
    - Para que?
 
   - Nunca? ... - perguntou o irmão Sib.
  
   - Nunca - respondeu a senhorita Campbell, tomando um ar sério que sua boca sorridente desmentia. Nunca, meus tios... pelo menos enquanto não tiver visto...
   
   - O que? - exclamaram o irmão Sam, e o irmão Sib.
   
   - Enquanto não tiver visto o raio verde." ( O Raio Verde, de Júlio Verne)


Porém, o que mais me surpreendeu neste livro é a narrativa suave, doce e até mesmo romântica, revelando um lado da personalidade de Júlio Verne pouco conhecida. Os que leram a sua biografia o reconhecerão no personagem de Olivério Sinclair. Pela primeira vez, um Professor não é o mocinho, e a ciência é relegada a um plano inferior. A busca de Elena Campbell pelo raio verde a conduz ao amor verdadeiro, tão raro e tão difícil de ser encontrado como o  fenômeno...Ler este livro deixa a alma leve, e a mente, sonhadora...

Relato do navegador brasileiro Amyr Klink sobre o raio verde.
" Desde criança eu sempre carreguei um desejo meio difícil de realizar, sobretudo no Brasil que tem a costa voltada para o nascente. Sempre que era possível, eu perseguia o por do sol no mar. Atento, até a bola de luz amarelo avermelhada ir se fundindo no horizonte, à procura de fenômeno muito raro, que quase todos os povos navegadores do passado já mencionaram: o "green flash" ou "rayon vert". Um raio, ou explosão de luz que acontece em condições muito especiais, no exato instante em que a última lasca do sol desaparece no horizonte.
Com um rápido curativo na ponta do dedo, calcei com cuidado um tênis e corri para o enorme arco que havia atrás do Paratii, onde ficava a antena do radar e um pequeno posto que usava para observar o mar ou fazer astronomia encaixado no alto. Cumpria o mesmo ritual de sempre, meio sem esperança de um dia ver qualquer coisa - "dezenove horas, cinquenta e cinco minutos e trinta segundos... quarenta segundos... cinquenta... lá se vai o sol... ade...". E escapou um grito de súbito: "Eu vi! Eu vi! Eu vi! Miserável, eu vi!" Tanto tempo e, enfim, eu vi o raio verde. Uma fração de segundo que valeu toda a viagem." ( PARATII, entre dois Pólos).



Este romance ambienta-se na Escócia, e faz referência a uma iguaria que foi prodigalizada em poema de Robert Burns.


" - Mais um pouco desses miúdos, que o nosso grande poeta Burns celebrou dignamente nos seus versos como o primeiro, o melhor, o mais nacional dos pudins escoceses!" ( O Raio Verde, de Júlio Verne)


Haggis

1 bucho de ovelha
Vísceras de ovelha (fígado, coração, pulmão)
250 g de gordura de rím de ovelha
Sal
pimenta preta
3 cebolas
500 g de farinha de aveia grossa


Lave muito bem o bucho de ovelha, vire e raspe até ficar limpo.  Coloque-o em água fria com sal e deixe amolecer durante a noite. Lave as vísceras e a gordura, deite em água com sal a ferver e deixe cozer em lume brando durante 2 horas. Tire da água, retire a traquéia e a cartilagem e pique manualmente ou com a picadora.  Descasque as cebolas, escalde-as em água a ferver e pique muito bem. Reserve a água. Numa frigideira, toste lentamente a farinha de aveia, até ficar estaladiça.  Misture com os restantes ingredientes e amasse com um pouco da água quente, até obter uma massa macia.  Encha cerca de 2/3 do bucho com esta massa, retire o ar, cosa com linha - se necessário, feche também no meio - e pique várias vezes, para não rebentar durante a cozedura.  Tape e deixe cozer em lume brando, sem parar de ferver, durante 3 a 4 horas. De seguida, coloque num local quente e retire a linha. Após o corte, sirva com muita manteiga e ciapshot, um purê de nabo e batata.


http://www.fernandovillasboas.com.br/receitas/haggis.html


13 comentários:

  1. Anônimo5/4/12

    Luciana, adorei o seu blog. Muito bem feito e diversificado. A sua inspiração ao colocar esse texto do Oscar Wilde no perfil foi sensacional.
    Nem vou seguir seu blog. Vou persegui-lo, rs...rs.
    BeijooO*
    Manoel.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Manoel, sinta-se à vontade! Cada vez que alguém comenta, me faz feliz.
      Um abraço!

      Excluir
  2. Todos tenemos en el horizonte un "rayo verde", pero a veces se pasa la vida y no logramos verlo.
    Me gusta Julio Verne, parecía ver el futuro en una bola de cristal.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade, Júlio Verne era uma pessoa muito esclarecida...

      Excluir
  3. Anônimo8/4/12

    Olá adoramos o teu espaço... encantador.
    Ler , comer , e AMAR ...A vida devia de ser assim apenas e tudo se tornava mais simples e gratificante .
    Jùlio Verne gostamos de os ler.
    Vamos andar por aui com carinho e amor .
    Luisaeadriano.

    ResponderExcluir
  4. Luciana passei para agradecer a sua presença no meu cantinho e desejar-lhe uma Páscoa muito feliz.
    Beijinhos
    Maria

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Maria,seu blog é uma delícia! Fiquei encantada de encontrá-lo.
      Feliz Páscoa para você e todos os seus.
      Bjs.

      Excluir
  5. Hola Luciana, deseo decirte que me hiciste muy feliz al visitarme, me quedé sorprendida porque hace mucho que ambas no lo hacíamos. Gracias.
    Soy una fan, por decirlo de alguna manera de Julio Verne, fue un hombre adelantado en el tiempo que me sirve de ejemplo para muchas cosas que hago en mi vida.
    Gracias por tu aportación.
    Te dejo mi ternura con un beso de Cristo Resucitado.
    Con ternura
    Sor.Cecilia
    Te has llevado el premio? si no has podido porque está protegido, ves a mi blog de premios , allí te lo podrás llevar sin problemas.

    ResponderExcluir
  6. Olá, vim agradecer a sua visitar e conhecer o seu blog. Também adoro livros e vou voltar muitas vezes ...

    beijinhos
    Teresa

    ResponderExcluir
  7. Teresa, fique à vontade, ok?
    Bjs,
    Luciana

    ResponderExcluir
  8. oi Lú!!
    Nunca tinha ouvido falar desse livro e nem do raio verde, fiquei interessadíssima!!! Até estou procurando sobre agora, que bacana!! Gostei muito de ter lido sobre isso.
    Bjos

    ResponderExcluir
  9. Oi Fernanda!
    Seja bem vinda!! Realmente, este é um livro pouco conhecido de Júlio Verne. Muito humor, romance... eu gostei de ter espiado este lado mais humano do Autor.
    Boa leitura!
    Bjs.

    ResponderExcluir