quarta-feira, 11 de abril de 2012

Primeiras estórias

A menina de lá ( conto do livro Primeiras estórias )
 
"Ela apreciava o casacão da noite - "Cheiinhas!" - olhava as estrelas, deléveis, sobre-humanas. Chamava-as de "estrelinhas pia-pia". Repetia: - "Tudo nascendo!" - essa sua exclamação dileta, em muitas ocasiões, com o deferir de um sorriso. E o ar. Dizia que o ar estava com cheiro de lembrança - "A gente não vê quando o vento se acaba.. ." Estava no quintal, vestidinha de amarelo. O que falava, às vezes era comum, a gente é que ouvia exagerado: - "Alturas de urubuir.. ". (Primeiras estórias  Guimarães Rosa)

Integrado ao livro Primeiras estórias, o conto A menina de lá é sobre Maria, uma menina" com nem seus quatro anos", que vivia com seus pais em um lugar chamado o Temor de Deus. Ficava sempre quieta,  sentada em um canto.  Guimarães Rosa tinha dúvidas se ela era um tanto tolinha ( tratamento suavizado de doidinha ). Falava por meio de enigmas, a menina de lá ( que não pertencia à terra, pertencia ao céu que tanto observava ). Durante o conto, o magistral ( fico obtusa ao pensar em adjetivos para Guimarães Rosa ) autor fala da frágil saúde de Nhinhinha, que provavelmente nascera com hidrocefalia, e, mesmo assim, de nada se queixava, não incomodando ninguém, e só "era notada pela perfeita calma, imobilidade e silêncio..." Nhinhinha é, na minha opinião, uma" criança Tistu"( quem leu o livro, sabe do que falo).

"E tinha respostas mais longas: -"Eeu? Tou fazendo saudade". Outra hora, falava-se de parentes já mortos, ela riu: - 'Vou visitar eles.. ." Ralhei, dei conselhos, disse que ela estava com a lua. Olhou-me, zombas, seus olhos muito perspectivos: - "Ele te xurugou?" Nunca mais vi Nhinhinha. Sei, porém, que foi por aí que ela começou a fazer milagres." (Primeiras estórias  Guimarães Rosa)

Maria tinha ao redor de si uma aura mística, ela era paranormal, todos os seus desejos, por mais anormais, se materializavam... Guimarães Rosa escreveu este livro relatando as suas lembranças das andanças como médico em  Minas Gerais. "Às vezes penso,às vezes não": esse conto é pura criação artística, ou, ele realmente conheceu uma menina milagreira, que eternizou em um conto, preferindo escondê-la no céu literário? ( Lembrei-me, neste momento, do mito de Órion... ). Primeiras estórias, do autor de Cordisburgo, repleto de contos maravilhosos, como A menina de lá, A terceira margem do rio, O cavalo que bebia cerveja, dentre outros. Uma dica: é um ótimo livro para se iniciar no mundo de João Guimarães Rosa.

 " e, nem bem meia hora, chegou uma dona, de longe, que trazia os pãezinhos de goiabada enrolada na palha."(Primeiras estórias  Guimarães Rosa)


Pão doce de goiabada
 
30g de fermento biológico fresco
3 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (chá) de sal
2 xícaras (chá) de água morna
3 colheres (sopa) de manteiga
2 ovos
3 colheres (sopa) de leite em pó
1 colher (sopa) de essência de baunilha
5 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de goiabada picada
Margarina e farinha de trigo para untar
1 gema para pincelar

 
 Em uma tigela, coloque o fermento, o açúcar, o sal e misture até virar um líquido. Acrescente a água, a manteiga, os ovos, o leite em pó e a baunilha. Junte a farinha, aos poucos, sovando a massa até desgrudar das mãos.  Deixe crescer por 30 minutos ou até dobrar de volume. Divida a massa em 2 partes e abra cada uma com um rolo. Espalhe a goiabada, enrole como rocambole e corte em fatias grossas. Arrume uma ao lado da outra, em duas formas de buraco no meio de 26cm de diâmetro untadas e enfarinhadas. Pincele com a gema e leve ao forno médio, pré aquecido, por 35 minutos ou até assar e dourar levemente. Retire do forno e desenforme para servir.

Fonte:http://www.comidaereceitas.com.br/paes-e-lanches/pao-doce-de-goiabada.html#ixzz1r0YpEpHN

6 comentários:

  1. Como gostei de ler as tuas palavras e as apreciações das transcrições da história. Meninas paranormais são especiais e acredito na sua existência.
    Grande beijinho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pérola,
      te agradeço por estar aqui. Estudei este conto hà muito tempo, na escola. O autor valoriza a vida, e a existência de uma criança que para muitos, seria inútil. Seu pouco tempo de vida tocou à todos que a conheceram... Enfim, é maravilhoso, o conto.
      Bjs.

      Excluir
  2. Oi Telma, obrigada por estar aqui!
    Bjs,
    Luciana

    ResponderExcluir
  3. Amei seu Blog!! Amei as dicas!! Já sou sua seguidora!!! Mil bjs da TT do fofaefeliz.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Anônimo17/4/12

    Grande alegria!Seu dote lacrimeja o fundo do olhar! Em seu perfil, tudo que almejamos e o que queremos, nem sempre somos, ser! De uma palavra, de uma história, mil sorrisos! A vida de cada contada por muitos e muitos pedaços finados na calçada.
    Estamos por aqui!
    Grande abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "Ando devagar porque já tive pressa
      e levo esse sorriso, porque já chorei demais
      Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
      eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei"música ando devagar, zé ramalho.
      Como a a´gua, que devagar ocupa o seu espaço, assim vou viendo. Obrigado por estar aqui,
      Luciana.

      Excluir